sexta-feira, janeiro 26, 2007

Viagens no tempo e no espaço

Meditemos por um instante com a pergunta: o que é o tempo?

Já tem a sua resposta? Não? Não se preocupe com isso. As maiores mentes do planeta não conseguiram defini-lo. Santo Agostinho declarou saber o que o tempo é, mas quando inquirido não conseguia explicar. Einstein disse que o tempo é o que nos mostra o relógio. Carl Sagan resume este conflito: "O tempo resiste a uma simples definição".

Esse é só o início da obscura jornada em retirar da ficção científica uma máquina do tempo real, já que nem do próprio tempo temos uma definição simples. As primeiras teorias sobre viagens temporais anunciavam a sua possibilidade através dos buracos negros, fantásticos objetos do universo, que sugam tudo o que pelo seu horizonte de eventos ousa navegar. Ao estudarmos suas características e composição, rapidamente foi descartada essa opção, pois além de distorcer a matéria, não há comprovação alguma de algo que tenha sido absorvido por um buraco negro e possa sair incólume do outro "lado".

Teorizado por Einstein, o buraco de minhoca parece ser o único meio de atravessarmos grandes distâncias, mesmo que temporais. Os buracos de minhoca consistem num portal de acesso onde entraríamos por um lado e sairíamos pelo outro, não importando a distância entre a entrada e a saída. Sua existência é real. Os que são criados em laboratório, hoje duram apenas alguns milésimos de segundo e são menores que átomos, sendo impossível até mesmo introduzir qualquer coisa através deles, pois ao desaparecer, toda matéria nele contida é destruída.

O nosso maior problema é mantê-los abertos, pois é necessária uma quantidade tremenda de matéria para tanto. Segundo o prof. Matt Visser, da Universidade de Washington, para manter um buraco de minhoca de um metro - o mínimo para um ser humano passar - por alguns minutos, seria necessário converter toda a massa de Júpiter em energia! (aos leigos: Júpiter tem 11 vezes o tamanho da Terra e, em volume, é 1.300 vezes superior)

Como se não bastasse esta pedra no sapato que - pessoalmente espero que não - irá queimar os neurônios dos físicos por muitas gerações, temos alguns outros tão complicados quanto sintetizar esta energia colossal. Um deles é que, mesmo que os buracos de minhoca sejam operacionais, haverá uma física completamente única para estes objetos. Teremos que lidar com questões como se, ao entrar num buraco de minhoca, sairemos instantaneamente do outro lado, instantes antes ou instantes depois? A física atual valida todas essas opções.

Temos também o chamado "paradoxo do avô" da física. E se, suponhamos, conseguirmos voltar no tempo e deliberadamente - ou mesmo acidentalmente - matarmos nosso avô? Deixaremos de existir instantaneamente? Seríamos substituídos por outra pessoa? Ou nada aconteceria? Ou pior: e se alguém voltasse no tempo e alterasse a história, por exemplo, alertando Hitler sobre as estratégias dos aliados? Quem conhece a humanidade sabe que alguém seria capaz de fazê-lo.

O tempo é uma realidade única ou uma coleção de realidades alternativas? O que aconteceu pode ser mudado? E a pergunta mais intrigante, provocada por Stephen Hawking: se a viagem no tempo hoje é teoricamente possível, porque ainda não recebemos os visitantes do futuro?

Relaxemos, pois há mentes fantásticas pensando seriamente sobre o tema. Uma delas, certamente, é o Dr. David Deutsch, da Universade de Oxford, que possui experiências que comprovam a existência de universos paralelos ou multiversos, utilizando-se da física quântica. Outro contribuinte para que as nossas gerações futuras possam desfrutar desta magnífica invenção é o Prof. Gunter Nitmz, da Universidade de Colônia, que já foi capaz de transmitir sinais no espaço mais rápido que a velocidade da luz. De antemão, através da teoria da relatividade, sabemos que nenhum objeto pode viajar mais rápido que a velocidade da luz sem retroceder no tempo. Abordaremos a teoria da relatividade em posts futuros.

Esse tema só irá evoluir quando, segundo Stephen Hawking, descobrirmos o Santo Graal da física: uma teoria que unifique a física clássica e a quântica, explicando o funcionamento de todo universo.

Já demos o primeiro passo para que as viagens no tempo se tornem realidade. Mas, na minha opinião, acredito que se conseguirmos descobrir seus segredos, a aplicação mais coerente dos buracos de minhoca seja para singrar distâncias hoje impossíveis, como alcançar as galáxias longínquas.

Fontes de inspiração: "Contato" de Carl Sagan, "Uma nova história do tempo" de Stephen Hawking, "Fabric of Reality" de David Deutsch, "The Time Lords", documentário da BBC Horizon.

3 comentários:

Cascalho disse...
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Cascalho disse...

Legal o lance dos "buracos"... e, pensando bem, se fosse possível criarmos um, a próxima pergunta seria: Tá, e tu quer ir para onde?

Anônimo disse...

mto grande...aí exigiu mto de quem nao tem tempo....heuheuheuheue