segunda-feira, outubro 01, 2007

Trans-ascendência: doe orgãos.

Em louvável iniciativa, os meios de comunicação abraçaram a bandeira da doação de órgãos. Deixaram de olhar para seus bolsos, focando em seus corações.

Por isso, manifeste aos seus familiares seu desejo de doar seus orgãos. Cada individuo pode salvar, da agonizante e traumática espera, de sete a oito pessoas. O que não irá mais nos servir, será o tesouro dos outros. Eis a transcedência prática da vida humana.

quarta-feira, abril 18, 2007

Políticos: façam Política! Governantes, governem!

É louvável a iniciativa dos nossos representantes no congresso em votar a redução da maioridade penal. No entanto, esta votação beira a inocência. Com um sistema carcerário falido, que não executa sua função de devolver o infrator como membro evolutivo a sociedade, como abrigar um aumento de presidiários?

Poderíamos deduzir que nossos governantes tem consciência disso e o fazem propositalmente?

Quanto tempo do governo de um político eleito é despreendido apenas fazendo política e deixando de governar? Na minha opinião, política e adminstração pública são coisas distintas. A política deveria ser feita pelos partidos cujos representantes não foram eleitos. E, a mais lógica das constatações, que o país seja administrado pelos representantes escolhidos pelo povo.

quinta-feira, março 22, 2007

O que é a filosofia, afinal?

Mário Ferreira dos Santos foi um exímio filósofo brasileiro, produtor de uma vasta bibliografia com geniais sistemas próprios. É respeitado no meio, porém não se tornou popular, talvez pela complexidade de alguns temas. É dele a melhor definição, na minha opinião, do que é a filosofia e do que não é. Foi com sua ajuda que compus os parágrafos seguintes, amparando-me no livro “Filosofia e Cosmovisão”.

A filosofia não é ciência, nem arte e nem religião, pois a ciência sabe, a religião crê e a arte cria. A filosofia é um querer saber.

Não há ciência sem objeto e o objeto da ciência é o regional, o particular. Tem fronteiras definidas. A ciência é o conhecimento do finito por suas causas imanentes e não transcende o seu objeto.

Uma religião, racionalizada,deixa de ser uma fé, pois esta exige o pleno consentimento do espírito, independente de prova. É a aceitação que é possível penetrar no transobjetivo, no transcendental e no transinteligível pela fé, pela revelação imediata ou mediata.

Já a arte não quer saber, nem crer, mas criar. É a manifestação do homem como criador. A arte é a constante aproximação do homem ao seu ideal de beleza, concretizando-o, tornando-o real nas obras. Prova disso é que cada artista possui um estilo plenamente distinguível dos demais.

O que sobra é a filosofia.

sexta-feira, março 16, 2007

Você consegue MU?

No ótimo livro vencedor do Pulitzer “Gödel, Escher and Bach: an Eternal Golden Braid”, (com edições esgotadas na língua portuguesa) de Douglas Hofstadter, o autor propõe-nos um interessante quebra cabeças lógico que gostaria de compartilhar com vocês, onde é introduzindo o Sistema Formal. O problema se chama “você consegue MU?”.

As regras são simples, mas devem ser seguidas com rigidez. Só há três letras do alfabeto a serem utilizadas: M, I e U. Você irá começar com MI e só utilizando-se das regras abaixo você poderá aumentar a sua coleção. Vamos a primeira:

Primeira regra: Se você possui um conjunto de letras que termina em I, você pode acrescentar um U no final. Por exemplo, de MI você poderá ter MIU.
Segunda regra: Supondo que você tenha Mx (onde x refere-se a qualquer letra), Você pode adicionar Mxx à sua coleção. Por exemplo, de MUM você poderá ter MUMUM.
Terceira regra: Se III ocorrer na sua coleção, você poderá fazer uma nova com U no lugar de III. Por exemplo, de MIIII você poderá obter MUI (ou MIU).
Observação: nenhuma das regras funcionam ao contrário; você não pode de MU obter MIII. As regras tem apenas uma via.
Quarta regra: Se qualquer seqüência de UU ocorrer na sua coleção, você poderá resumir a apenas um U. Por exemplo, de MUUUII você poderá ter MUII.
x
Eis suas regras. Mesmo que sob tentação, não as viole! Agora, tentem fazer MU partindo de MI. Divirtam-se!

terça-feira, março 13, 2007

Intelectuais do Brasil: uni-vos!

Tempos de (até que enfim) reforma ministerial, recomeça o eterno jogo de interesse político. Os que estão por cima tem preferência para escolherem as melhores pastas. Agora que as alianças, lá do inicio das eleições, estão colhendo os seus frutos.
Mas, reflitam comigo: que capacidade possui um político de gerir um ministério? Para este lugar, na minha opinião, deveriam ser escolhidos especialistas que tenham uma formação acadêmica e experiência direcionada para tanto. Um grande cientista para o ministério da ciência e tecnologia, um grande reitor para a educação, etc. Interessante que não está escrito, em nenhum lugar, que devam ser políticos os administradores destas pastas e tenho certeza que nosso país está transbordante de mentes brilhantes.
Vejam na prática: escolhido um técnico para um cargo como este, ou ele faz o ministério dar resultados ou pode dar adeus à pasta. Já um político no comando é um eterno buraco negro. Mesmo falhando - o que não chega a nós - ele irá ser realocado em outra posição do governo.
Priorizar a sua escolha é incentivar a formação de mais gêneros de sua espécie. Desta forma, iremos valorizar os nossos intelectuais e colocar os políticos no lugar certo: para fazer política.

sábado, março 10, 2007

Enfim, só.

Após ter reunido o equipamento necessário, iniciou a descida ao buraco descoberto nas dependências do templo pelo qual era responsável. Tinha a intuição de que havia algo grande a ser descoberto. Afinal, quanto mais oculto o tesouro, mais valioso.

Enquanto avançava nas profundezas a passos cuidadosos, amparado pela luz do lampião, deixava encantar-se com os detalhes das pedras que o cercavam. O coração turbulento determinava a velocidade do pensamento: “Eles vão ver. Vou mostrar a todos que não sou um inútil”, até sacudir a cabeça: “Ah, concentre-se! Malditos críticos. Sempre perturbando a minha paz”.

Após longos metros confrontando o subterrâneo, começou a duvidar da sua intuição, pois da sanidade já não tinha mais certeza. Não encontrara nada. Nenhuma jóia mágica, nenhuma livro sobrenatural.

Sentou para recuperar o fôlego numa protuberância da parede. Acompanhando o movimento do antebraço ao livrar-se do suor acumulado na testa, uma passagem se abre preguiçosamente. Tinha acionado um mecanismo oculto.

Com a respiração curta, entrou na caverna. Seu lampião mostrava nas paredes as inscrições de uma civilização há muito tempo esquecida. Centenas de relíquias dispostas sistematicamente pelo chão, aguardando um descobridor. Aguardando-o.

Esticara a mão para manipular uma estátua translúcida de uma figura incomparável. Antes das pontas dos dedos trêmulos entrarem em contato com o objeto, um estrondo estupendo reverberou pela caverna, jogando-o contra a parede. Ouviu ruídos similares, porém, bem mais distantes. Acreditou que não foram causados por nenhum dos seus atos, mas sua audição indicava que provinham da superfície.

Sua mente ficou inquieta. A intuição ansiosa que tinha há alguns minutos se transformara em apreensão pesarosa. Tinha que voltar.

Refez o caminho até a saída do buraco. Parecia bloqueada. Teve que forçar por três vezes para conseguir sair.

Não havia mais a sala de dispensa. Não havia mais templo. Nem a quadra que estava acostumado a percorrer de bicicleta e a praça onde rotineiramente lanchava. Não havia mais nada, em lugar nenhum. Nem ninguém.

Tudo estava destruído, reduzido a escombros. Começou a correr sem direção, procurando, aos berros, por algum sobrevivente. Correu e gritou por horas. Depois, caminhou e chamou por alguém durante dias. Não encontrou ninguém. Desistiu após duas semanas de tentativas frustradas.

Voltou para o buraco. Entrou na caverna. Estava jogado num canto, inexpressivo; no entanto, segurava desinteressadamente a estátua entre as mãos. Não tinha ninguém para compartilhar sua descoberta.

Anos depois, decifrou as inscrições nas paredes: “seu maior desejo pelo seu maior tesouro”. Tinha, enfim, conseguido o que queria: ficar sozinho.

sexta-feira, março 09, 2007

O preço das reeleições.

Permaneço esperançoso com a visita de Bush ao Brasil. Estando preocupado com a reeleição e com fortes candidatos no seu encalço, provavelmente Bush irá aliviar a carga tributária para a exportação de cana de açúcar para seu país. Seja qual for o plano que ele tinha ao não assinar o tratado de Kyoto, provavelmente não deu certo. Com o colapso ecológico iminente, Bush sabe que seu país é um dos mais industrializados do mundo e responsável por 35% das emissões de carbono na atmosfera. Como o biodísel e o Etanol são fontes de energia limpas, nada mais evidente que dominar esta tecnologia para garantir a permanência do seu partido no poder. Como sempre, uma questão de interesses. No entanto, nos tempos modernos, os interesses são determinados pelo benefício das massas. É o preço da popularidade política.

Enquanto isso, o custo do PAN estourou todos os orçamentos, onde estamos pagando 3,25 bilhões de reais! O governo federal participa com mais de 50%, R$ 1,65 bilhão, o governo do estado com 400 milhões e a prefeitura carioca com R$ 1,2 bilhões. O orçamento original era de R$ 949 milhões.

É inegável a importância da realização destes jogos no Brasil. Sou plenamente favorável ao esporte; de longe o evento que mais une pessoas no mundo. Mas a imprensa vincula desde a metade de fevereiro as condições deploráveis das escolas municipais, em estrutura, transporte, funcionários e professores. Nossas crianças estão esquecidas.

Quanta diferença faria este 1,65 bilhão de reais do governo federal à educação. É a única forma de evitarmos novas atrocidades absurdas como do menino João Hélio. Infelizmente, será sobre o acordo com os EUA a bandeira que o nosso presidente irá utilizar nos seus discursos inflamados para a sua reeleição.
Para se reelegerem, uns fingem ser o que não são, enquanto outros se mostram explicitamente. Quem é quem, você decide.

quarta-feira, março 07, 2007

Meditação como via do autoconhecimento

Uma surpresa interessante ao desfrutar da leitura de “A Mente Corpórea” de Francisco Varela, co-autor do também ótimo “A Árvore do Conhecimento”.
Como a maioria dos livros de filosofia, Varela inicia o raciocínio central definindo o objeto a ser estudado, buscando uma sintonia de compreensão com o leitor. No caso do estudo, o que é o ego único, o que nos faz sermos o que somos?
Vamos explorar um pouco mais esta pergunta antes de a respondermos. Constantemente agimos e pensamos como se tivéssemos algo a proteger e preservar. Se nos ferimos ou há uma música muito alta no vizinho rapidamente respondemos com medo e ira. Se há possibilidade de receber elogios, promoções ou fama, reagimos com cobiça, apego e orgulho. Esperar um ônibus, chegar por último num fila dantesca, aborrece-nos imediatamente. O que coordena estes impulsos instintivos e enormemente poderosos?
Varela responde radicalmente: nenhuma tradição reflexiva na história da humanidade – filosofia, ciência, religião – conseguiu responder a esta questão sem isolar o ser do mundo. A única que chega mais próxima é a religião; no entanto, exige transcendência, o que não pode ser atingido pela experiência.
Somente uma tradição encarou este problema diretamente: a meditação budista.
Aos que não estão familiarizados com esta prática, agrego que consiste em colocar-se em silêncio, confortavelmente, e através da concentração na respiração, procurar isolar a mente de pensamentos. Quem inicia a prática percebe quão caótico é o espaço entre nossas orelhas: há percepções, sensações, medos, ansiedades e desejos acotovelando-se, desejando sobrepujarem a nossa proposição de quietude. No entanto, os benefícios valem o esforço. Há um aumento significativo de tranqüilidade pessoal: absoluta necessidade para a sabedoria.
Aos que já buscavam a resposta para a pergunta central e não conheciam a meditação, recomendo o interesse por esta prática. Afinal, foi o budismo que invadiu o ocidente e não o inverso.

segunda-feira, março 05, 2007

Prostaglandinas para leigos, como nós.

Regojizo-me com a capacidade essencialmente humana em maravilhar-se. Aos que direcionam esta disposição para o conhecimento, o abasbacar-se com as descobertas da ciência deve ser impulsionado ao vislumbrar um ramo do qual não faz parte das nossas especializações.
Eis que, sorvendo meu chimarrão matutino enquanto folheava minha revista preferida, comecei a ler uma reportagem sobre os efeitos colaterais dos analgésicos. Certamente estes são os fármacos mais utilizados pela população. No entanto, como característica dos remédios, todo benefício acompanha um malefício.
Quando estamos com dor, inflamação e febre, nossas células produzem grande quantidade da molécula prostaglandina. Sua formação no organismo foi decifrada por Bengt Samuelsson, o qual foi agraciado com o Prêmio Nobel de Medicina em 1982 por esta contribuição. Estas moléculas são responsáveis pelo desconforto e mal estar que sentimos ao estarmos acometidos por alguma moléstia. No entanto, ela se mescla a enzimas para se mutar em variados benefícios à nossa constituição: regulação do sono, inibição de reações alérgicas, coagulação e danos ao revestimento do estômago. O problema é que analgésicos como a aspirina, com o objetivo de aliviar a dor, inibem a produção de todas prostaglandinas.
Atualmente, laboratórios como Biolipox, Merck e Pfizer já possuem patentes recém-registradas de analgésicos que bloqueiam a produção da prostaglandina E², justamente a única envolvida no processo da dor, imunizando as benéficas em executarem os seus trabalhos sem perturbações.

domingo, março 04, 2007

Olha só! (2)

O post abaixo, "Somos regra ou exceção?", pode ser apreciado na edição deste fim de semana no Correio de Gravataí, página 04.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Somos regra ou exceção?

Alimentados pela indústria do cinema, cada vez mais convincentes em expor as realidades fictícias na telona, e pela beleza de um céu estrelado, certamente já devemos nos ter flagrado divagando sobre a existência de vida inteligente além dos limites do nosso planeta. No entanto, responder à pergunta “estamos sozinhos no universo?” se torna mais importante do que superficialmente pensamos. A resposta é a chave para a compreensão do nosso papel na existência no cosmos.
Mas por onde começar, já que Edwin Hubble descobriu que o universo, além de praticamente infinito, está em plena expansão, dificultando – e muito – o nosso trabalho? Como ainda engatinhamos em exploração espacial, o melhor é começarmos pelo nosso vizinho, distante a apenas seis milhões de quilômetros da nossa casa: Marte.
A idéia de vida em Marte foi popularizada primeiramente por um astrônomo americano chamado Percival Lowell em 1895. Ele afirmava que poderia ver sinais de civilização em Marte; complexos canais ligando as cidades marcianas. Tal afirmação iniciou a obsessão global por alienígenas. Mas em julho de 1965, as especulações sobre as hipotéticas civilizações marcianas foram resolvidas. A sonda Mariner IV foi a primeira a sobrevoar e fotografar Marte. Foi a primeira vez que observamos imagens da superfície de um mundo alienígena. Para decepção de muitos, não havia nenhum canal, nenhuma cidade. Nenhum homenzinho verde.
Possuindo todos os ingredientes básicos para a vida - carbono, oxigênio, nitrogênio e luz solar – foi constatado que a vida poderia se formar em Marte. No entanto, descobrimos que este inóspito planeta possui uma variação de temperatura entre –140º e 20ºC. Há alguma criatura que poderia se desenvolver em condições tão excêntricas? Sim, os micróbios.
Durante a maior parte da história da Terra, toda a vida se resumiu a micróbios. Eles são incrivelmente durões. Podem viver em todos os extremos, tanto em temperaturas polares como podemos encontrá-los até mesmo em ácidos. Eles definem os limites e as potencialidades da vida.
Encontrar micróbios em Marte pode ser um problema. A superfície do planeta possui mais de seis milhões e meio de quilômetros e pode haver 10 milhões de micróbios apenas na ponta do seu dedo. Para dificultar, um passeio pelas suas dunas está categoricamente desconsiderado: nossos fluídos internos iriam ferver em alguns segundos, porque a pressão em Marte é menor que o ponto de fervura da água e que a temperatura corporal. Sufocaríamos e secaríamos em menos de três minutos. Afinal, por onde procurar?
A busca da vida é a busca por água. É a constituição básica de todas as formas conhecidas. É o que permite a formação e a manutenção da vida. Mas há água em Marte? Finalmente respondemos positivamente a uma pergunta. Há explícitos pólos com grande acúmulo de gelo, até mesmo visíveis com lunetas encontradas no mercado. No entanto, mais uma vez encontramos nossas limitações. As temperaturas nos pólos marcianos atingem -150°C, mais da metade do caminho para se atingir o zero absoluto (-273ºC), onde nenhum corpo pode se mover. Precisaríamos encontrar água em regiões mais temperadas, em forma líquida. Praticamente impossível num planeta friamente desértico.
Porém, em 1976, um achado da sonda Viking mudou tudo. Descobrimos vales secos, locais onde havia grandes acúmulos de água como lagos e até mesmo oceanos. Marte já possuiu as condições perfeitas para a vida. Houve chuvas, nuvens e atmosfera, como a Terra é hoje. Em 1998, com a sonda Mars Survey, tivemos a certeza a partir de fotos em alta resolução. Mas foi em 2001 que obtivemos a resposta definitiva: a sonda Odyssey encontrou água em estado líquido em grandes proporções sob o solo marciano.
Cientistas da NASA descobriram micróbios de milhares de anos, armazenados incólumes pelo frio polar após escavações na Antártida. Tornou-se apenas uma questão de irmos até lá e cavarmos. Atualmente a NASA está desenvolvendo os equipamentos que serão utilizados em futuras missões tripuladas.
Toda a vida na terra tem a mesma química e o mesmo código genético. O mesmo hardware e o mesmo software. Se a vida em Marte iniciou-se independente da nossa, usariam eles o mesmo código e a mesma química que nós? Na Terra, tudo é baseado em proteínas e DNA, mas em Marte, tudo pode ser diferente; uma forma alienígena de se fazer genética.
O DNA é um arranjo tão complexo de moléculas que é possível que a mesma combinação não se repita em outro planeta. Igualmente poderíamos encontrar DNA em Marte, descobrindo ser este o único caminho para a vida. No entanto, acredito que se a vida começou separadamente em ambos planetas, a estrutura genética para ambas formas de vida devem ser diferentes. Se descobrirmos a menor forma de vida em Marte, saberíamos que a vida é possível em outros planetas. A evolução é uma conseqüência da nossa localização privilegiada no sistema solar, mas poderia a vida existir em outro lugar, em outras condições? A que rumo esta revolução copernicana levará a humanidade caso façamos contato?

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

É tão ruim, sim!

Gostaria de pedir desculpas a todos os meus leitores.
Tenho uma tendência ao ceticismo; fruto do comportamento eternamente mediador.
Deixei uma inveja latente dos meios de comunicação guiar meus pensamentos. Quisera eu atingir tantas pessoas ao mesmo tempo.
Estava completamente enganado no post "Não é tão ruim quanto fazem parecer." Na verdade é. Estamos há 50 anos do colapso global. Caso não tomemos uma atitude iminente, o planeta não será um bom lugar para nossa próxima geração.
Eis o doumentário que mudou a minha opinião: Uma verdade inconveniente. Caso sejam céticos como eu era, assistam. Caso não sejam, assistam para compreender melhor a crise iminente e qual o seu papel nela.
Manterei o post controverso, adicionado a uma nota, como exemplo para mim e para todos que acham que a imutabilidade é sinônimo de inércia. Só as nossas certezas podem estar erradas, uma vez que a dúvida não é um ponto de vista a ser defendido.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

O passado e o futuro de Friederich

Este não é o presente de Friederich, é um resumo do seu breve passado.

Aprendeu com Heinrich Himmler a ser impiedoso, mas não conseguia convencer o reflexo no espelho que era: demonstrava frieza com o outro, mas a culpa corroia-o. Resultado das inúmeras vezes que disparou a sua pistola entre os olhos dos judeus, torturou inocentes e separou as famílias de sua própria pátria, agora travestida com a insígnia vermelha e preta que ele encontrara no teto do mundo. Foi o próprio Himmler que o enviou à Índia e ao Tibete para encontrar os ancestrais da raça ariana. Em Varanasi, ganhou uma bola de haxixe de um mercador de escravos. Ingeriu-a nos arredores de Lhasa enquanto o sol se punha. Até então, Friederich não soube explicar o que aconteceu em seguida. Atribuiu ao ar rarefeito, mas o antropólogo que lhe acompanhava na missão explicava com a emoção o que ele queria ocultar com a razão: "Cada um que você destrói, mata-lhe. Não se surpreenda, pois trouxe à tona os seus demônios internos." Durante os efeitos da droga, vivenciou momentos intermináveis de agonia. Lutava contra a serpente de Shiva, que observava pelo olho de uma das suas quatro palmas a agonia de Friederich. O réptil mordia-o nos olhos e na boca. Jogava-o de um lado para outro como se fosse um brinquedo em mãos descuidadas. Arrancava pedaços. Em certo momento, indelével na sua mente – e fonte de sobressaltos durante muitas madrugadas -, Shiva o imobilizou, e a sua serpente invadiu as entranhas de Friederich pela boca. Perdeu a consciência. Acordou seis dias depois no trem para Nova Déli, com oito quilos a menos.

Esse ainda não é o presente de Friederich, mas o seu passado recente.

Neste, fora encurralado pelos russos ao fugir de um bunker em Berlim. Sacou a mesma pistola que tirou tantas vidas para executar o mesmo movimento para subtrair a sua. O perturbado oficial da SS acertou o tiro de raspão na sua cabeça e entrou em coma.

Este é o presente de Friederich.

Ele rasga a bainha de sua calça para cobrir o pedaço da sua perna que fora arrancado pela cobra de Shiva. “Consegui fugir dela ou deixaram que eu escapasse?” não era a pergunta prioritária em sua mente. “Como saio daqui?” é o questionamento que se faz todos os dias, nos mais de seis meses que conseguiu contar, desde que voltou ao lugar dos seus pesadelos. Tem consciência que está em coma, mas não concebe um modo de despertar. No entanto, sabe que não merecia estar em qualquer outro lugar.

Esse será o futuro de Friederich.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

A simplicidade como ferramenta da intuição.

O conhecimento inicial do cosmos foi concebido com apenas com dois gravetos, uma lente de aumento, uma maçã e um espelho. E muito raciocínio! Acompanhem:

Os gravetos de Eratóstenes
Eratóstenes (276 – 194 a.C.), instigado pelos conhecimentos armazenados na Biblioteca de Alexandria, descobriu em um papiro que o Sol, ao atingir o meio-dia do solstício de verão (21 de junho no trópico de Câncer), iluminava completamente um poço na cidade de Siena, no sul do Egito. Matemático, astrônomo e geógrafo, sabia que na sua cidade, no mesmo dia e horário, uma sombra projetava-se das colunas na sua biblioteca. Instigado pela curiosidade característica da humanidade, promoveu uma das primeiras experiências científicas: enviou um emissário de confiança para observar o poço naquela data enquanto ele media a sombra que se projetava das colunas. Visto que estas projetavam-se diferentemente em horários iguais, após possuir ambos dados, enviou escravos para calcular a distância de Siena até Alexandria, estimada em 925Km. Desta forma, calculou que o perímetro da Terra seria de 46.331 Km, apenas 185 Km menor que as dimensões reais.

A lente de aumento de Galileu
Ptolomeu, um século após a morte de Cristo, criou o sistema que prevaleceu por 1.500 anos, onde a Terra era o centro do universo. Tal observação foi tomada com júbilo pela Igreja, numa época em que as sagradas escrituras eram tomadas ao pé da letra. Copérnico, estudando e catalogando os movimentos dos objetos celestes, fez uma das mudanças mais importantes da história no sistema de Ptolomeu: colocou o Sol no centro do universo. A teoria heliocêntrica do sistema solar foi imediatamente rejeitada pela Igreja.
Galileu Galilei (1564 – 1642), cientista italiano, ousou publicar a teoria de Copérnico. Foi condenado pelo tribunal da inquisição a passar o resto de sua vida em prisão domiciliar, além de forçadamente obrigado a admitir que o geocentrismo era mais eficiente em explicar o cosmos.
Mas como apenas o corpo pode ser preso, a mente de Galileu continuou seu trabalho. Após descobrir uma invenção proveniente da Holanda, vendida como curiosidade nas ruas italianas: vidros que aumentavam em vinte vezes qualquer coisa que através deles fosse observado (tais lentes também foram o meio para a descoberta do mundo microbiológico). Galileu montou o primeiro telescópio e observou Mercúrio, Vênus, Marte e Júpiter. No entanto, o que mais lhe chamou a atenção foi a descoberta das luas de Júpiter: Como aqueles objetos se moviam ao redor de Júpiter e não da Terra? O heliocentrismo estava explícito.
Em 1992, 350 anos após a sua morte, foi absolvido pela Igreja Católica (!).

A maçã e o espelho de Newton.
Jovem prodígio, Newton descobriu o que nenhum dos sábios já citados conseguiram explicar, e que possa ter passado na cabeça de muitas crianças ao observarem um modelo do globo terrestre: Como as pessoas não caem da Terra? O que as mantém no chão? A lenda prega que uma maçã foi o catalisador para Isaac Newton (1642 – 1727) conceber a lei da gravidade universal.
Outra descoberta fundamental de Newton foi a adição de um espelho em 45º à luneta de Galileu, criando uma ferramenta 450 vezes mais poderosa, o telescópio.

A Navalha de Ockham
Quatro objetos simples, que sempre estiveram ao nosso alcance, favoreceram o início da exploração do homem ao cosmos. Este exemplo mostra que a intuição é o ponto de partida para o conhecimento do universo, muito bem resumida pelo princípio do filósofo medieval William de Ockham, conhecido como a “Navalha de Ockham”: "as entidades não devem ser multiplicadas além do necessário; a natureza é por si econômica e não se multiplica em vão", ou, adaptada à realidade atual: "se há várias explicações igualmente válidas para um fato, então devemos escolher a mais simples".

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Olha só!

A matéria "O isolamento dos leviatãs" foi publicada na edição deste fim de semana no Correio de Gravataí, página quatro, e no site inaugaural do Centro Cultural Porto Belo, na seção de Ciências, dentro do Espaço Cult. Estou multimídia! ;)

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

O ano 2440: Um sonho, se é que alguma vez já houve algum.

Mais uma vez chafurdando nos interessantíssimos registros históricos da nossa raça, encontro a primeira ficção científica já escrita: L’an 2440. Rêve s’il em fut jamais (1771) do francês Louis Sébastien Mercier (1740-1814), com tradução no título deste post. Publicado primeiramente em Amsterdam, com receio de represálias, a exemplo da Enyclopédie do compatriota Denis Diderot (1713-1784), queimada em praça pública, garante sucessivas reedições neste país incentivador da cultura e ciência.

No livro, o personagem principal, ao qual não lhe é atribuído um nome, após debater sobre as injustiças de Paris, adormece e se encontra na Paris do futuro. Vejamos como Mercier monta sua ficção utópica.

Curiosamente, a imprensa, intitulada As Gazetas, foram o estopim da união mundial, dando aos cidadãos uma consciência global dos acontecimentos. Na Gazeta, as folhas de papel são duas vezes mais longas que os jornais britânicos. Graças a esta invenção*, “a comunicação se estabeleceu e cada vez mais as ciências voaram de um país a outro, como as letras de câmbio”. Todas as notícias que o personagem principal lê são as que gostaríamos de correr os olhos: o desaparecimento dos sinais de humilhação, opressão e anarquia, extinção dos exércitos mundiais, escravidão, impostos e tabaco. Não há mais clérigos: as religiões foram extintas por consenso, pois segundo o autor, mais separam as pessoas em grupos distintos que as unem. A guerra é vista no mundo “como uma extravagância imbecil e bárbara”. E não é? Bem, algumas nações ainda acham que não. Não vou citar nomes; não quero agentes do serviço secreto à minha porta!

Mercier faz uma volta ao mundo sem sair de sua Paris. Mostra a situação atual de todos países, que são “o espetáculo de um povo de irmãos”. Curiosa é a situação da nossa terra, onde tudo que se planta dá, o México é o maior pais da América setentrional, tendo reerguido o império Asteca e expulsado os conquistadores espanhóis. Há um imperador para o México, Canadá, Antilhas, Jamaica e Santo Domingo e um para a América meridional: o Peru, Paraguai (onde os jesuítas também foram expulsos), o Chile, o país das Amazônias e a terra magalhânica. O Japão, de capital Jedo, traduziu e aplica o tratado jurídico de Montesquieu. Em Pequim, a língua francesa é comum e o “cajado não reina mais na China”. Londres é “três vezes maior” e foi fundida à Irlanda e a Escócia. Na Espanha, foi reconhecido de as atrocidades dos canibais antropófagos, os índios da América – sim, nós mesmos! – não se compara às crueldades da Inquisição. Esta nação se voltou às artes e às ciências. Na curiosa Paris do futuro de Mercier, não houve evolução econômica: o país voltou-se para a base agrícola e ignora a revolução industrial. Em 2440 ainda há um rei na França.

Há longos comentários sobre a tecnologia futura, onde “nós, pequenos, fracos e mesquinhos, em todos nossos monumentos públicos empregamos nossa indústria, nossos instrumentos e nossos raros conhecimentos apenas para ornar coisas de pura vaidade e para edificar magníficas bobagens. Quase todas as nossas obras primas são joguetes de crianças”. Há redes de estradas e hidrovias que ligam o oriente ao ociente e exemplares vias de comunicação. Estão presentes as idéias lamarkianas e evolucionistas de hibridação para a melhora da raça humana. Os mais notáveis são os “motores voadores com mola aperfeiçoados”.

Mas como toda ficção não pode ser dissociada do presente do autor, há trechos polêmicos, com relação às mulheres, onde ele dedica um capítulo inteiro a este tema, duas vezes mais longo que os demais. Tudo pode ser resumido em duas frases: “As mulheres não tem outra distinção que aquela que seu esposo faz respingar nelas: todas submissas aos seus deveres que seu sexo lhes impõe, sua honra é de seguir as leis austeras, as únicas que asseguram a felicidade”. E “a natureza semeou menos variedades no caráter delas do que nos homens. Quase todas as mulheres se parecem: elas só têm uma meta, e isso se manifesta em todos os países através de efeitos parecidos”. Só que o século de Mercier é caracterizado por muitos historiadores como “o século da mulher”, onde ela está presente em todos os aspectos da vida social, nos debates teóricos e nos movimentos coletivos. Acredito que tenha ficado explícita sua opinião sobre o tema.

Pelo que pude verificar, as principais influências de Mercier foram as sucessivas publicações utópicas na Europa do seu tempo, de Bossuet (1627-1704), Fénelon (1651-1715), e Henrique IV (1553-1610) e as distópicas, por Savinien Cyrano de Bergerac (1619-1655) e Jonathan Swift (1667-1745).

Esta é uma perspectiva totalmente nova para aquela sociedade: um futuro que exibe o presente como passado distante. Certamente um importante passo do passado que muito influenciou o futuro, este no qual estamos presentes.

Mas vou encerrar com a própria epígrafe desta obra, onde Mercier utiliza-se de uma frase de Leibniz: “O tempo presente está prenhe do futuro”.

* A imprensa em caracteres móveis e a tinta foram descobertos quase simultaneamente pelos chineses da idade média.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Não é tão ruim quanto fazem parecer

Peço-lhes licença ao nosso seguimento normal para um pequeno editorial crítico.

Sabemos que a Rede Globo possui uma grande força na formação da opinião pública média. Atualmente, seus veículos têm, repetidamente, versado sobre o tema do aquecimento global, muitas vezes de forma sensacionalista.

A exemplo do personagem Ozimandias (Ramsés III) da novela gráfica Watchmen, de Alan Moore e David Gibbons, verifiquei os veículos mundiais de maior circulação em busca do mesmo tema a fim de verificar se a emissora de Roberto Marinho reflete uma preocupação mundial. Qual foi a minha surpresa ao descobrir que este tema não é citado nas edições atuais da Newsweek, Time Magazine EUA, Europa, Ásia e Oceania e os periódicos científicos mais conceituados, Science e Scientific American.

Por quê?

Talvez porque além-mar já devam ter instruído as pessoas de que, apesar da situação realmente ser crítica, mudanças no clima são historicamente recorrentes: nos últimos milhões de anos, a Terra oscila repetidamente entre eras glaciais e períodos interglaciais quentes. Estas oscilações estão relacionadas com as variações da órbita terrestre induzidas pela gravidade dos planetas mais próximos, os gigantes Jovianos e Vênus. Essas perturbações pouco afetam a distribuição da energia solar média que o planeta recebe, mas alteram a distribuição geográfica e sazonal em até 20%, afetando a camada de ozônio e o derretimento dos pólos, a absorção e liberação de dióxido de carbono e metano pelas plantas, solo e oceano. Evidente que causamos danos à camada de ozônio, mas falta a divulgação para este sofrido povo brasileiro que ela já está se regenerando e que as nossas próximas gerações poderão viver num mundo seguro. Aos que ainda permanecem no ceticismo, recomendo fortemente a leitura do site organizado pela ONU Climate change: the scientific basis. Certamente o quadro é perturbador, ainda mais quando se carece de informações fidedignas.
A opinião do autor neste post foi alterada. Veja o post de 26/02/07, "É tão ruim sim", para mais detalhes

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Praticando o Eudemonismo

Caros leitores, convido a todos a praticarem o Eudemonismo comigo. É de fácil aplicação e poderá ser feito na sua própria casa e disseminado para todos os seus amigos e parentes.

Antes que você começe a pensar em onde guardou aquela faca afiada e aonde irá conseguir um animal para sacrificar - ou caso já tenha aberto um e-mail em outra janela para descarregar todos os xingamentos que conhece em mim -, CALMA! Apesar do nome bem pouco convidativo para a nossa língua, o Eudemonismo refere-se a qualquer doutrina que assuma a felicidade como princípio e fundamento da vida moral.

Ufa, ainda bem!

Agora que o nosso entendimento está em uníssono, deixe-me versar um pouco mais sobre a origem desta bela prática.

Eudemonismo provém do grego Eudaimonia e significa felicidade, ou literalmente, "ter um bom espírito guardião". O Eudemonismo foi primeiro citado na Ética à Nicômaco de Aristóteles (384-322 a.C.) e significa que todas as ações corretas garantem um grande bem à todas as pessoas. Segundo Aristóteles, não apenas virtudes, dinheiro e saúde garantem a felicidade, se não adicionarmos a estas uma reflexão do que queremos e qual o nosso objetivo. O filósofo alerta na obra que a felicidade não é um fim, mas o fim em sí mesmo, o grande objetivo da vida. Felicidade, para ele, não pode ser um estado temporário, mas um estado alcançado através de uma vida de ações virtuosas.

O Eudemonismo influenciou o pensamento do filósofo Epicuro de Samos (341-270 a.C.), conhecido como o "filósofo da alegria", por difundir as virtudes como base da felicidade na sua escola, chamada "O Jardim", apesar de relacionar a felicidade com o prazer.

A seguir, encontramos o Eudemonismo como base da ética do Estoicismo, um movimento espiritual e moral bastante difundido entre os povos do Mediterrâneo e da Ásia Menor entre o sec. III a.C. até o ano 300 d.C., fundado por Zenon de Cítio (336-264 a.C.). Seus principais representantes foram Sêneca, Epicteto e o Imperador Romano Marco Aurélio.

Nosso tema irá refletir na base do Neoplatonismo, um movimento filosófico que resgata Platão mas com uma base monista-idealista. Seu principal representante, Plotino (205-270 d.C.), a introduz como fundamento basilar "o Uno", o qual mais tarde seria aproveitado para a concepção das características do Deus da Igreja Romana no Primeiro Concílio de Nicéia (325 d.C.).

Até a queda de Roma, não houve criação filosófica relevante. Por isso, o Eudemonismo só voltara a avançar na ética do Empirismo Inglês, que enfatiza a experiência na formação das idéias e a discussão das idéias inatas ao ser humano. Seu fundador, John Locke (1632-1704), afirmava que o ser humano é uma tábula rasa, onde com o passar dos anos vamos registrando nossas experiências. Demais filósofos associados ao Empirismo foram Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Stuart Mill e David Hume.

Mas a partir do humanismo, a exemplo do Epicurismo, a felicidade começa a ser ligada à noção de prazer, ou a contínuos prazeres. Citando Leibniz (1646-1716): "Creio que a felicidade é um prazer durável, o que não poderia acontecer sem o progresso contínuo a novos prazeres" e outro expoente do humanismo, Locke (1632-1704): "A felicidade é o maior prazer que somos capazes e a infelicidade o maior sofrimento; o grau ínfimo daquilo que pode ser chamado de felicidade é estar tão livre de sofrimentos e ter tanto prazer presente que não é possível contentar-se com menos".

A noção de Eudemonismo lentamente retorna à sua concepção original, aristotélica, inicialmente com David Hume (1711-1776), e, num segundo momento, tornando-se a base do movimento reformador inglês do séc. XIX, até culminar, como muitos problemas filosóficos, em Immanuel Kant (1724-1804), considerado por muitos como o último dos filósofos antigos e o primeiro filósofo modermo. Iremos abranger seus extensos trabalhos em instância única.

Kant, supreedentemente, rejeita a noção de Eudemonismo, talvez por relacioná-la aos seus colegas filósofos de movimentos recentes. Acredita que a felicidade é o ponto de vista do egoísmo moral, ou seja, da doutrina "de quem restringe todos os fins a si mesmo e nada vê de útil fora do que lhe interessa", conforme escrito em sua Antropologia.

Mas o significado moderno de Eudemonismo está liberto destas amarras contemporâneas, pois sabemos que um conceito como de Kant é demasiado restrito na atualidade. Com o resgate da filosofia aristotélica, a felicidade tem significado social, não coincidindo com o egoísmo ou o egocentrismo.

Fontes: Livros Plotino, Epicuro e O Estoicismo Romano, de Reinholdo Aloysio Ullmann e Diccionário de Filosofía Herder.

domingo, janeiro 28, 2007

"O que é a quarta dimensão?"*


Edwin Abbot Abbot (1838-1926), professor e teólogo, escreveu uma sátira matemática muito interessante, chamada Planilândia (Flatland, 1884). Neste romance, Abbot descreve uma comunidade num mundo em duas dimensões. Há, como pano de fundo, uma crítica à hierarquia da sociedade vitoriana. Mas este não é o nosso interesse, apenas este estranho mundo povoado por seres com apenas comprimento e distância.

Imaginemos nós sendo como este seres. Só conhecemos quatro direções: para frente e para trás, esquerda e direita. Precisamos desviar dos nossos amigos para não nos chocarmos contra eles. Agora imaginemos que recebemos um visitante extradimensional, digamos, um limão.



O limão paira sobre a planilândia, mas ninguém o vê. Inicialmente fica confuso. "Estariam eles me ignorando?" Então decide entrar em contato com estes seres simpáticos, cumprimentando-os: "olá quadrados e triângulos! Sou um limão. Tudo bem?" Os habitantes da planilândia apavoram-se imediatamente: "de onde vem esta voz? De dentro de mim? Você ouviu também ou estou louco?", todos comentam entre si. O limão fica muito brabo com a reação dos habitantes, em simplesmente ignorá-lo, e decide invadir a planilândia, pousando na superfície.

Meditemos por um instante: como você acha que as criaturas da planilândia irão ver o limão?

Ao que responderam: "ora, Gilberto, é claro que os planilandienses verão apenas o ponto de contato do limão com o solo", parabéns. Isso porque uma criatura da terceira dimensão só pode existir parcialmente na segunda dimensão. Coitados dos pobres quadrados, que irão começar a duvidar do seu estado mental, pois um ponto apareceu do nada na sua sociedade, sem ter vindo das direções que eles estão habituados a percorrer. Se o limão aprofundar-se na sua experiência na planilândia, apenas irá aumentar de tamanho.

Vamos a um outro exemplo antes de nos aprofundarmos na questão principal. Platão (428-347 a.C.), discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, escreveu o diálogo A República (360 a.C.), entre diversos outros. No capítulo VII há uma interessante passagem conhecida entre os filósofos e interessados por esta obra como a Alegoria da Caverna. Neste, Platão descreve a seguite situação: imaginemo-nos presos numa caverna desde o nascimento, sem poder olhar para nenhum outro lado senão para frente. À nossa frente, há uma grande parede em que se refletem as sombras dos que por trás de nós passam. Como nada mais conhecemos, iríamos começar a dar nomes às sombras e estudar seu comportamento. Agora imagine que um dos pobres cativos da caverna liberta-se. Ele, imediatamente, iria conhecer a sua situação, com consternação. Iria voltar-se para trás, descobrindo a origem da luz, caminhando na sua direção. Nosso amigo cativo iria descobrir, então, as maravilhas do mundo. Iria ver o sol, as montanhas, os rios e os animais. Após extasiar-se com tudo o que a natureza lhe oferece, iria, inevitavelmente, lembrar-se de seus amigos da caverna. Imediatamente retornaria à caverna para relatar-lhes as suas descobertas. Mas, na alegoria criada por Platão, o nosso protagonista não encontraria palavras para descrever o que viu para seus amigos.

Tal como, voltando ao primeiro exemplo, um habitante da planilândia não poderia explicar para seus contemporâneos caso recebesse uma ajuda do limão para visualizar as belezas da terceira dimensão.
Eis o ploblema que se colocou Charles Howard Hinton (1853-1907) ao escrever seu artigo "O que é a quarta dimensão?". Nenhuma criatura tridimensional poderia existir na quarta dimensão, apenas parcialmente. E não teríamos como narrar essa experiência se porventura viesse a ocorrer conosco. Desta forma, Hinton criou uma série de representações geométricas do que seriam estes estranhos habitantes desta dimensão superior à nossa. Uma destas foi o Tesseract, também conhecido como hipercubo, que se assemelha a dois cubos alinhados:


Lembro-lhes, novamente, que não é possível projetar uma figura quadridimensional - mas é perfeitamente possível deduzir a sua existência - na terceira dimensão, assim como temos a perda na representação em três dimensões de um objeto em duas dimensões.

A questão da quarta dimensão é fundamental para a compreensão do universo. A partir do efeito Doppler - das ondas sonoras - e das questões levanvantadas por Hinton, Edwin Powell Hubble (1889-1953) descobriu que o universo é curvo, em quatro dimensões. Quando observamos as estrelas, podemos imaginar que elas estão "indo" ou "vindo", mas este conceito não se aplica a estes objetos quadrimensionais que distorcem o espaço-tempo com suas massas e energias, digamos, astronômicas! Infelizmente, mesmo depois de dois séculos da descoberta do Tesseract, pouco evoluímos na compreensão da curvatura do espaço-tempo e muito - talvez até demais - no conforto tecnológico.

* Pergunta feita por James Hinton a William Whitney Gull na novela gráfica "Do Inferno", de Alan Moore e Eddie Campbell.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Design Inteligente: Fé x Ciência

Como aprendemos na escola, segundo Darwin (1809-1882), toda a vida na Terra derivou de um organismo simples, desenvolvendo-se como uma árvore, a árvore da vida. Mas nem tudo foram flores para a teoria evolucionista. E uma nova batalha está começando.

Com a publicação da Origem das Espécies em 1859, foi colocada a primeira dúvida do papel de Deus na criação do mundo como consta no Livro do Gênesis. Iniciou-se uma guerra contra esta teoria. Inclusive o primeiro professor a lecionar o evolucionismo nos EUA foi preso e multado. Mantinha-se o ensinamento que a existência de cada um deve-se a um milagre divino. No entanto, tratava-se de uma evidência científica e não um mero ataque à religião.

Passaram-se 60 anos até o evolucionismo aparecer nos livros escolares. Mas em 2004 descobrimos que esta ferida ainda não estava cicatrizada, com o início de um novo conflito, envolvendo novamente, Igreja e ciência.

Phillip Johnson, jurista e professor americano, acreditava que a teoria de Darwin era insuficiente para explicar algo tão complexo, sendo apenas o primeiro passo em busca da explicação definitiva da diversidade da vida. Johnson defende que não podemos fazer experimentos com o evolucionismo - e nem mesmo o criacionismo - concluindo que não se trata de verdadeira ciência, pois lhe falta o mais importante: o objeto para aplicação do método científico. Acreditava estar sozinho na sua visão da reformulação da teoria da evolução. Surpreendentemente, descobriu que não.

Na teoria darwiniana, os organismos complexos evoluiram dos simples, através da competição, a lei do mais forte. No entanto, há evidências na natureza que contradizem esta teoria. O Dr. Stephen Heyer e o Prof. Michael Behe analizaram o flagelo, um micróbio microscópico, e verificaram que esta criatura possui um mecanismo complexo, com mais de 50 partes interativas, diferindo-se de qualquer outro de sua espécie e do seu meio. Se uma destas partes não existisse, o conjunto não funcionaria. Descobriram que há uma grande dificuldade em desvendar, passo a passo, a evolução do flagelo para este mecanismo atual tão complexo. Então, concluíram que este flagelo não evoluiu, mas foi surgiu assim, por uma inteligência, criando a primeira parte da nova teoria: a Complexidade Irredutível, que verifica que as partes componentes dos seres são tão complexas que não surgiram simplesmente da evolução.

Em adição a estes pesquisadores, o matemático Prof. William Dembski, que também discordava da teoria evolucionista, calculou a possibilidade das chances do nosso DNA assumir a forma atual. Descobriu que este cálculo é matematicamente impossível, assim como a evolução. Para ele, algo mais deu forma à vida. Uma inteligência.

Existe, segundo estes cientistas, a evidência de um poder sobrenatural criador, mas baseado em ciência, não em religião. Assim nasceu a teoria do Design Inteligente. Hoje, em Seatttle, há um centro, o Discovery Institute , com mais de 4.700 ciencistas que possuem evidências que suportam a nova teoria. Já há, nos EUA, um planejamento estruturado para a divulgação global do Design Inteligente, adaptação cultural e ensino escolar. Segundo os autores, em cinco anos a teoria alcançaria a maturidade global.

No entanto, o Design Inteligente é rechaçado pela comunidade científica. Como uma teoria colocaria um fim último numa inteligência? Desta forma, também não se faz ciência.

Um comentário pertinente: cabe aqui lembrar o "motor não movido" do livro XII da Metafísica de Aristóteles, que afirma que todas as coisas possuem algo que as move, as impulsiona. E, se regredirmos nas origens deste movimento, chegaríamos ao movente supremo: Deus. Só que este Deus não poderia se mover juntamente com todas as coisas, por este motivo é conhecido como o "movente não movido".

Apenas no papado de João Paulo II que a Igreja tomou uma posição determinante a respeito da controvérsia entre o evolucionismo e o criacionismo. O Papa declarou que se tratam de idéias distintas, uma pertencente à ciência e a outra à fé. Parecia que o cessar fogo estava instituído.

Todo conflito continuaria nas fronteiras da ciência se, em 07 de Julho de 2005, o Arquibispo de Viena, Christoph Schöborn, considerado de grande influência no Vaticano, teve publicado um artigo de sua autoria no New York Times, apoiando a teoria do Design Inteligente. Há uma tendência de a Igreja simpatizar com esta teoria, devido aos autores não saberem definir quem é o responsável pelo Design Inteligente das criaturas do planeta.

Estaremos vivenciando uma nova revolução científica? Acredito que a ciência deve descer do seu trono e buscar, através das evidências que lhe são próprias, validar ou desacreditar esta teoria. Afinal, o que deve ser ensinado nas para as nossas crianças?

Viagens no tempo e no espaço

Meditemos por um instante com a pergunta: o que é o tempo?

Já tem a sua resposta? Não? Não se preocupe com isso. As maiores mentes do planeta não conseguiram defini-lo. Santo Agostinho declarou saber o que o tempo é, mas quando inquirido não conseguia explicar. Einstein disse que o tempo é o que nos mostra o relógio. Carl Sagan resume este conflito: "O tempo resiste a uma simples definição".

Esse é só o início da obscura jornada em retirar da ficção científica uma máquina do tempo real, já que nem do próprio tempo temos uma definição simples. As primeiras teorias sobre viagens temporais anunciavam a sua possibilidade através dos buracos negros, fantásticos objetos do universo, que sugam tudo o que pelo seu horizonte de eventos ousa navegar. Ao estudarmos suas características e composição, rapidamente foi descartada essa opção, pois além de distorcer a matéria, não há comprovação alguma de algo que tenha sido absorvido por um buraco negro e possa sair incólume do outro "lado".

Teorizado por Einstein, o buraco de minhoca parece ser o único meio de atravessarmos grandes distâncias, mesmo que temporais. Os buracos de minhoca consistem num portal de acesso onde entraríamos por um lado e sairíamos pelo outro, não importando a distância entre a entrada e a saída. Sua existência é real. Os que são criados em laboratório, hoje duram apenas alguns milésimos de segundo e são menores que átomos, sendo impossível até mesmo introduzir qualquer coisa através deles, pois ao desaparecer, toda matéria nele contida é destruída.

O nosso maior problema é mantê-los abertos, pois é necessária uma quantidade tremenda de matéria para tanto. Segundo o prof. Matt Visser, da Universidade de Washington, para manter um buraco de minhoca de um metro - o mínimo para um ser humano passar - por alguns minutos, seria necessário converter toda a massa de Júpiter em energia! (aos leigos: Júpiter tem 11 vezes o tamanho da Terra e, em volume, é 1.300 vezes superior)

Como se não bastasse esta pedra no sapato que - pessoalmente espero que não - irá queimar os neurônios dos físicos por muitas gerações, temos alguns outros tão complicados quanto sintetizar esta energia colossal. Um deles é que, mesmo que os buracos de minhoca sejam operacionais, haverá uma física completamente única para estes objetos. Teremos que lidar com questões como se, ao entrar num buraco de minhoca, sairemos instantaneamente do outro lado, instantes antes ou instantes depois? A física atual valida todas essas opções.

Temos também o chamado "paradoxo do avô" da física. E se, suponhamos, conseguirmos voltar no tempo e deliberadamente - ou mesmo acidentalmente - matarmos nosso avô? Deixaremos de existir instantaneamente? Seríamos substituídos por outra pessoa? Ou nada aconteceria? Ou pior: e se alguém voltasse no tempo e alterasse a história, por exemplo, alertando Hitler sobre as estratégias dos aliados? Quem conhece a humanidade sabe que alguém seria capaz de fazê-lo.

O tempo é uma realidade única ou uma coleção de realidades alternativas? O que aconteceu pode ser mudado? E a pergunta mais intrigante, provocada por Stephen Hawking: se a viagem no tempo hoje é teoricamente possível, porque ainda não recebemos os visitantes do futuro?

Relaxemos, pois há mentes fantásticas pensando seriamente sobre o tema. Uma delas, certamente, é o Dr. David Deutsch, da Universade de Oxford, que possui experiências que comprovam a existência de universos paralelos ou multiversos, utilizando-se da física quântica. Outro contribuinte para que as nossas gerações futuras possam desfrutar desta magnífica invenção é o Prof. Gunter Nitmz, da Universidade de Colônia, que já foi capaz de transmitir sinais no espaço mais rápido que a velocidade da luz. De antemão, através da teoria da relatividade, sabemos que nenhum objeto pode viajar mais rápido que a velocidade da luz sem retroceder no tempo. Abordaremos a teoria da relatividade em posts futuros.

Esse tema só irá evoluir quando, segundo Stephen Hawking, descobrirmos o Santo Graal da física: uma teoria que unifique a física clássica e a quântica, explicando o funcionamento de todo universo.

Já demos o primeiro passo para que as viagens no tempo se tornem realidade. Mas, na minha opinião, acredito que se conseguirmos descobrir seus segredos, a aplicação mais coerente dos buracos de minhoca seja para singrar distâncias hoje impossíveis, como alcançar as galáxias longínquas.

Fontes de inspiração: "Contato" de Carl Sagan, "Uma nova história do tempo" de Stephen Hawking, "Fabric of Reality" de David Deutsch, "The Time Lords", documentário da BBC Horizon.

Cogito, Ergo Sum


Já ouvimos em diversos lugares a famosa frase "penso, logo existo", mas será que sabemos o que realmente ela quer dizer?
Esta célebre sentença foi criada pelo francês René Descartes (1595-1650), considerado como o primeiro filósofo moderno, dada a ousadia do seu trabalho. Foi o fundador do método cartesiano, anti-dogmático, onde ele se colocou em uma posição onde não poderia aceitar nenhuma verdade da qual não pudesse ter uma garantia.
Descartes, em busca da verdade, duvidou de tudo, metodicamente. Até que descobriu que não conseguia duvidar que duvidava, do ato de pensar que duvidava; portanto pensava e, se pensava, existia: penso, logo existo! O filósofo verificou também que o pensamento, quer verdadeiro ou falso, é sempre pensamento e a dúvida é posterior, pois não há dúvida que preceda o pensamento. Desta forma, Descartes fundou a verdade na evidência, que lhe era revelada ao pensar. A partir deste posicionamento, encontrou diversas descobertas filosóficas e matemáticas.
Quem duvida da verdade já tem em sí uma certeza.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Um intruso entre os Jovianos


Nosso sistema recebeu um visitante inesperado pelos terrestres: a chegada do cometa McNaught. Foi descoberto 7 de agosto de 2006 pelo astrônomo britânico Robert H. McNaught, integrante da Escola de Pesquisa de Astronomia e Astrofísica da Universidade Federal da Austrália. A visão acurada já lhe permitiu a descoberta de 379 asteróides desde 1988.

Em Janeiro de 2007, o visitante já é visível no hemisfério sul. McNaught se tornou o objeto mais brilhante que presenciamos em 40 anos, desde o cometa Ikeya-Seki, também visível no pólo sul.

Ikeya-Seki em 1965

Tomara que o tempo melhore aqui na capital dos pampas.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

O isolamento dos leviatãs


As baleias são os seres vivos que mais se desenvolveram no planeta, muito mais que os dinossauros. E também têm, no seu currículo, o destaque de serem os habitantes mais antigos da Terra. Seu ancestrais datam de 70 milhões de anos; eram carnívoros que migraram de volta aos oceanos.
Compartilhamos diversas características com estes sábios do oceano. Ambos somos mamíferos. Valorizamos a família. Possuímos uma longa infância, onde os adultos ensinam os jovens através de brincadeiras, uma característica dominante nos seres inteligentes. Porém, diferimos na comunicação. Enquanto falamos e escrevemos, elas cantam.
Na escuridão do oceano, visão e olfato têm pouca aplicabilidade, diferente de nós. Assim, as baleias desenvolveram a extraordinária capacidade de se comunicar através de complexos cantos. Cada composição dura aproximadamente 15 minutos e pode se prolongar até 30 minutos. Ainda não conhecemos a exatidão da mensagem transmitida, mas sabemos que os sons estão modulados em 20Hz, freqüência não captada pelo ouvido humano. Bem, elas caçam, nadam, pescam, investigam, fogem dos pescadores e acasalam-se. Só isso já lhes dá bastante assunto para cantar!

O biólogo Roger Payne descobriu que, através desta frequência baixa e a forma como as emissões são projetadas, uma baleia poderia estar na Antártica e se comunicar com outra no Alasca. No decorrer da sua existência, as baleias formaram uma rede de comunicação global, ultrapassando os 10.000Km de distância.

Eis que, no século XIX, começamos a substituir nossos veleiros por barcos a vapor, aumentando drasticamente a poluição sonora no oceano, principalmente na freqüência dos 20Hz. Com a revolução tecnológica, navios comerciais e militares tornaram-se abundantes e reduzimos toda comunicação centenária das baleias ao silêncio.

Não só isso. Desde que foram descobertas, as baleias foram tomadas por criaturas monstruosas e chacinas gratuitas foram promovidas pelas massas ignorantes. Muitas nações já se conscientizaram do abalo ao equilíbrio dos oceanos com a matança sistemática das baleias, mas o comércio continua, utilizando-as como matéria-prima para confecção de batons e comida para cachorro.

Não existiram seres humanos em 99,99% na história destes leviatãs.

Por que buscamos seres inteligentes nas estrelas se nem as criaturas vivas mais antigas do planeta não respeitamos, procuramos compreender e até nos comunicar?

Reflexões influenciadas pela série Cosmos, capítulo 11: A persistência da memória.

Cinema europeu


Com uma interessante mescla de atores reais com digitais e cenários virtuais, Immortal (França, 2004. Direção de Enki Bilal) é uma opção interessante para fâs de ficção-científica e novelas gráficas.
O cenário é na Nova Iorque de 2095, onde a população presencia a chegada de uma gigantesca pirâmide sobre os céus da cidade. Além disso, a eugenia é amplamente aplicada. São raros os humanos que não sofreram cirurgias. Quando a mudança promovida pela nossa raça atinge níveis críticos, está formado o pano de fundo desta película.
O autor, Enki Bilal, é um famoso escritor de quadrinhos na França.
Sou leigo no assunto, mas acredito que esta deva ser uma das poucas adaptações cinematográficas da ficção européia.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Fade to Black

A voz de James nunca mais será a mesma.
Some kind of monster stole it.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Pré-temporada

É um saco, né? É como aquele primeiro post do seu blog novo, sabe? Aquele que você está com dificuldades para escrever. Não por falta de criatividade, mas por dificuldade de escolher em que florestas nos aventuraremos nos comentários iniciais.

..

Já decidi. Como tudo o que existe foi originado do caos, que este blog tenha em sua pauta um caos de informações!

FIAT LUX.